Descubra como evoluiu o sistema de ignição dos veículos
Nos motores atuais, a queima da mistura ar-combustível é um processo tão bem desenvolvido que fica difícil imaginar todos os problemas que os pioneiros enfrentaram ao longo da história da indústria automobilística.
Hoje, vamos voltar no tempo cerca de 150 anos, quando os primeiros carros ainda nem tinham sido inventados e dezenas de cientistas, engenheiros e mecânicos tentavam viabilizar os propulsores de combustão interna.
Ficou curioso? Siga com a gente que você vai descobrir ou relembrar muitos acontecimentos interessantes e conhecerá as descobertas que imortalizaram os nomes de Otto, Diesel, Benz, Kettering, entre muitos outros.
Um problema complicado
Se fosse possível retornar ao ano de 1870, encontraríamos uma grande disputa entre os maiores nomes da mecânica, principalmente na Alemanha. O desafio era inventar um motor de combustão interna confiável.
Como as peças móveis tinham alguma semelhança com as máquinas a vapor, os problemas se concentravam nos sistemas de alimentação e ignição. Se não fossem muito precisos, a máquina nem ligava.
Na época, duas tecnologias se destacavam: usar um tubo de metal aquecido (por uma chama-piloto) dentro do cilindro para iniciar a explosão ou um conjunto de magneto e centelhador (parecido com o utilizado nos fogões atuais).
Como você pode imaginar, nenhuma das invenções funcionava direito. O tubo quente costumava queimar a mistura antes do momento certo. O modelo elétrico dificultava a partida e era problemático nas rotações mais altas.
Os pioneiros se viraram
Mesmo com todas essas limitações, os alemães Siegfried Marcus e Nicolaus Otto conseguiram desenvolver bons motores e, a partir de 1886, Gottlieb Daimler e Karl Benz criaram os primeiros automóveis que funcionaram.
Mas, como o sistema de ignição continuava muito complicado, Rudolf Diesel decidiu acabar com o problema na origem. Em 1897, apresentou um motor onde a própria injeção do combustível iniciava a queima da mistura.
Grandes avanços na elétrica
Os motores de ignição por centelha conseguiram “dar a volta por cima” a partir de 1902. O mérito foi dos inventores Robert Bosch e Gottlob Honold, que criaram um magneto muito mais eficiente e as velas de alta tensão.
Em 1911, Charles Kettering, da Delco, deu o passo que faltava. Construiu um sistema completo e inovador, com um motor de partida que também funcionava como dínamo, distribuidor, platinado, condensador, bobina, cabos e velas.
O começo da eletrônica
Durante a Segunda Guerra Mundial, os cientistas e engenheiros trabalharam muito para melhorar a confiabilidade das máquinas. Na época, tudo funciona com motores a pistão: motos, jipes, caminhões, tanques, navios e aviões.
Em 1950, com a criação do Campeonato Mundial de Fórmula 1, as pesquisas seguiram em alta. Três grandes melhorias dessa época foram o sistema elétrico de 12 volts (1953), a ignição transistorizada (1955) e o alternador (1960).
Disputa entre os nacionais
Como o Brasil estava iniciando a produção de veículos, a competição também era grande por aqui. A Simca inovou com os 12 volts (1959) e a ignição transistorizada (1964). Sua rival, a Willys-Overland, trouxe o alternador (1966).
Outra melhoria importante foi a chegada da ignição totalmente eletrônica, sem o uso de platinado. Depois de estrear mundialmente em 1968, a novidade desembarcou no nosso país em 1974, equipando os Dodge Dart e Charger.
As ignições personalizadas
Com o desenvolvimento da microeletrônica, ainda foi possível criar módulos de ignição baratos, programáveis e com alta eficiência. Até hoje, uma referência nesse mercado é a MSD, fundada nos Estados Unidos em 1970.
Desde 2003, uma empresa brasileira também passou a disputar esses clientes com um grande sucesso. É a FuelTech, de Porto Alegre, que conta atualmente com diversos modelos para gerenciar a ignição e a injeção.
Uma evolução constante
Nas últimas décadas, o sistema de ignição passou por várias mudanças e ficou mais simples, compacto e inteligente. Muitos carros atuais contam apenas com um módulo (o mesmo da injeção), bobinas individuais e as velas.
Na frota nacional, apesar do Gol GTi ter sido o primeiro a aposentar o carburador, usava uma ignição eletrônica independente e bastante convencional. O sistema com uma única central chegou apenas em 1992, no Omega.
O que mais vem por aí?
Apesar de todos os progressos dos veículos elétricos ou até movidos a hidrogênio, duas realidades são bastante previsíveis: os motores de combustão interna seguirão firmes nas próximas décadas e a ignição continuará evoluindo.
Alguns exemplos mais recentes são a tecnologia de desativação dos cilindros e os motores que misturam os sistemas de ignição por centelha e por compressão, como o Skyactiv-X, lançado em 2017 pelos japoneses da Mazda.
Outro conceito incrível que poderá equipar os motores nos próximos anos é a ignição com raio laser. É ideal para trabalhar com taxas de compressão elevadas, aumenta a potência, melhora o consumo e reduz as emissões.
Dominando a tecnologia
Nas oficinas brasileiras, será cada vez mais comum encontrar todas essas tecnologias reunidas, desde um sistema com platinado de um carro antigo até uma ignição repleta de recursos tecnológicos de um modelo importado.
Para se destacar, o ideal é o mecânico dominar todos os tipos de ignição. É preciso ter a sensibilidade necessária para “afinar” perfeitamente o motor de um clássico e, ao mesmo tempo, saber operar os scanners mais sofisticados.
Outra frente de trabalho muito promissora é a adaptação dos sistemas programáveis, como os modelos que falamos anteriormente. Como é um conhecimento que poucos dominam, não faltam clientes e os ganhos são ótimos.
Fique atento às oportunidades
Para se tornar um “fera” em sistemas de ignição, existem diversos cursos em todo o Brasil, desde os básicos até os mais específicos, que envolvem o restauro de carros antigos ou a manutenção de alguma marca importada.
O melhor é que, muitas vezes, é possível participar de treinamentos gratuitos ou nem sair de casa, fazendo toda a capacitação pela internet. Fique atento e sempre converse com seus colegas para descobrir essas oportunidades.
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