A importância dos automáticos e automatizados para as oficinas
Nas últimas décadas, a frota nacional de veículos passou por uma grande mudança. As transmissões automáticas e automatizadas finalmente se popularizaram. Hoje, todas as marcas presentes no Brasil usam essas tecnologias.
As oficinas terão um desafio enorme pela frente. Esses novos câmbios exigem uma grande capacitação do mecânico, conhecimento profundo de eletroeletrônica, uso de manuais, ferramentas e equipamentos específicos.
A exemplo de outras inovações, como a injeção eletrônica, as direções com assistência e os freios ABS, esses sistemas vieram para ficar, não tem jeito. Quem não se atualizar agora, vai perder os clientes para a concorrência.
Quer dar um primeiro passo? A seguir vamos mostrar como essas caixas evoluíram ao longo do tempo, seus diferentes conceitos, os cuidados na hora da manutenção e como se tornar um especialista. Siga com a gente!
Invenção com um toque carioca
O conceito moderno de transmissão automática, com o uso de um fluido hidráulico, existe há mais de 80 anos. Sua invenção contou até com a ajuda de dois brasileiros. Confira os principais pontos dessa história:
1930: José Araripe e Fernando Lemos criaram um câmbio automático no Rio de Janeiro. Seis anos depois, venderam o projeto para a General Motors. Uma curiosidade é que Araripe era o tio-avô do escritor Paulo Coelho.
1939: Depois de desenvolver o conceito e rodar milhares de quilômetros em testes, a GM lançou a transmissão automática Hydra-Matic, com quatro marchas, como um novo opcional da marca Oldsmobile.
1964: Os carros da DKW, fabricados no Brasil pela Vemag, foram os primeiros nacionais a oferecer um sistema que facilitava a troca de marchas. Era a embreagem automática Saxomat, importada da Alemanha.
1968: O Galaxie LTD foi o primeiro carro brasileiro com câmbio automático. Tinha uma caixa de três velocidades. Nos anos seguintes, os concorrentes Dodge Dart e Chevrolet Opala também aderiram à novidade.
1982: A Ford voltou a inovar com o Del Rey. Sua transmissão automática usava um conjunto de válvulas solenoides e um módulo eletrônico. Durante muito tempo, foi o único nacional com esse recurso.
1999: A embreagem automática reapareceu no Mercedes-Benz Classe A. Além dos alemães, Fiat e Chevrolet também apostaram na ideia. Mas, mesmo com a nova tecnologia, as vendas não decolaram.
2003: O Honda Fit trouxe o conceito de transmissão continuamente variável (CVT) para o Brasil. Usa duas polias e uma correia. O sistema foi desenvolvido em 1958 pela DAF, atual fabricante de caminhões.
2007: A Chevrolet Meriva Easytronic introduziu o câmbio mecânico automatizado na frota nacional. Várias marcas aderiram. Mas, depois de diversos problemas, os últimos modelos saíram de linha em 2020.
2012: A segunda geração do Ford EcoSport chegou com uma grande novidade: a caixa automatizada de dupla embreagem. É outra tecnologia polêmica, com muitas qualidades e também uma série de queixas.
2017: Nos Estados Unidos, GM e Ford se uniram para criar a melhor transmissão automática do mundo, com 10 velocidades. Por aqui, faz sucesso equipando os esportivos Camaro e Mustang.
Diferentes conceitos e defeitos
Qualquer que seja a tecnologia aplicada, desde os modelos antigos aos seminovos, os câmbios automáticos e automatizados exigem um conhecimento profundo do mecânico. A seguir, conheça os principais desafios:
Automática convencional: o primeiro cuidado é com o fluido, que deve ser exatamente o indicado pela montadora. Também são comuns os problemas nas embreagens, tambores, solenoides e vedações.
Para economizar, muitos evitam revisar o conversor de torque, que se torna uma fonte de novos problemas. Outros complicadores são os defeitos no chicote, problemas eletrônicos e até erros no software.
CVT: além dos cuidados com o fluido e o conversor, essas transmissões exigem peças de alta qualidade. Como os preços são altos, são comuns os consertos com itens de desmanche, o que nunca acaba bem.
Automatizados: em muitos casos, o defeito apontado pelo cliente é uma característica do sistema, como os trancos nas trocas de marchas. Em alguns modelos, é possível fazer uma atualização do software.
Outro ponto fraco dessas caixas é o conjunto da embreagem, que é caro e dura pouco se o dono dirige errado. Também é bastante comum ver falhas nas eletroválvulas, em vedações e no acumulador de pressão.
Dupla embreagem: as versões mais simples, com discos a seco, têm vários problemas crônicos e até passaram por recalls. São barulhentas, podem trepidar ou superaquecer e as embreagens gastam facilmente.
Os modelos com discos em banho de óleo são muito melhores, mas equipam apenas veículos caros. Quando apresentam problemas, geralmente são falhas eletrônicas ou danos causados por mau uso.
Erros dos donos e das oficinas
No Brasil, como os componentes dos câmbios automáticos e automatizados costumam ser importados, a popularização da tecnologia é recente e as condições de uso são bem severas, sobram queixas e problemas.
Alguns donos costumam descuidar da manutenção, usar fluidos e filtros baratos, rebocar cargas acima do permitido ou dirigir errado. Se você notar que o óleo está queimado ou contaminado, pode desconfiar.
Além disso, muitos defeitos que chegam às oficinas são antigos, causados por erros em sequência. Instalam peças velhas ou novas sem qualidade, fazem várias adaptações e até usam vedações industriais.
Seja um verdadeiro especialista
Você sabia que, atualmente, os automáticos e automatizados dominam o mercado de veículos novos no Brasil? São mais de 400 modelos à venda, para todos os gostos, de 35 marcas diferentes.
Como existem poucas oficinas e mecânicos realmente capacitados nessa tecnologia, não faltam clientes e a mão de obra é valorizada. Se você se tornar uma referência, o seu futuro estará garantido!
Uma vantagem é que, nos últimos anos, muitas escolas perceberam essa oportunidade e passaram a oferecer cursos muito bons. Algumas unidades do Senai, por exemplo, criaram até cursos semipresenciais.
Para investir bem o seu tempo e dinheiro, além da proximidade, procure reunir algumas referências sobre a qualidade do treinamento com outros colegas. Também veja se os professores dão suporte após o curso.
Outra vantagem é que algumas escolas vendem manuais técnicos em português, vídeos, ferramentas e outros equipamentos fundamentais para os reparos, como os scanners, softwares e manômetros.
Importância da eletroeletrônica
Além de fazer todos esses cursos e equipar bem a oficina, um ponto fundamental para dominar os câmbios automáticos e automatizados é ter um grande conhecimento de elétrica e eletrônica automotiva.
Muitas vezes, defeitos que parecem estar no câmbio, na verdade, estão no chicote, na rede CAN, num sensor, dentro do módulo ou são apenas erros do software. O pior é quando aparecem e depois somem.
Se o mecânico não dominar a tecnologia, pode trocar uma peça cara e, pouco depois, ver o cliente retornar com o problema. É o mesmo que acontece na injeção, freios ABS, direção elétrica e em outros sistemas.
Agora que você conhece um pouco mais sobre os automáticos e automatizados, além de todo o potencial desse novo mercado, faça um planejamento e busque uma escola. Será ótimo para a sua carreira!
Gostou das dicas? Então confira muitas outras novidades que preparamos para os feras da reposição. Faça seu cadastro no blog e visite a Nakata no Facebook, YouTube, Twitter, Instagram e Spotify.