Veículos híbridos e elétricos: sua oficina está preparada para o futuro?

Quando a injeção eletrônica chegou aos veículos nacionais, as oficinas e os mecânicos precisaram se reinventar. No início, a tecnologia parecia algo muito distante. Era usada apenas em carros esportivos e luxuosos. Mas, quem apostou no passado, perdeu feio! Em poucos anos, o sistema dominou a frota e revolucionou a manutenção.
Agora, 30 anos depois, você notou que uma mudança parecida está acontecendo? Aos poucos, os híbridos e elétricos estão conquistando cada vez mais clientes. Hoje, ainda são poucos e caros, como os primeiros “injetados”. Mas já existem mais de 50 modelos à venda e cerca de 1.000 unidades novas são emplacadas todos os meses.
A exemplo da eletrônica, é muito importante para sua carreira começar a entender as diferenças da frota eletrificada e se preparar para essa novidade. Neste texto vamos falar de tudo um pouco: vantagens, mercado, opções, tecnologia, capacitação, perigos, entre outros assuntos. Siga com a gente e descubra como será o futuro!
Por que os eletrificados são melhores?
Para começar essa história, é interessante lembrar que quando os carros começaram a conquistar o mundo, por volta de 1900, existiam três grandes tecnologias: o motor a gasolina, as máquinas a vapor e os elétricos a bateria. Com o tempo, apesar de não serem perfeitos, os modelos a combustão se mostraram mais práticos.
Mas esse domínio foi abalado nas últimas décadas. Passamos a sentir os efeitos do aquecimento global, o trânsito ficou insuportável, foi preciso criar leis severas para controlar a poluição e o barulho também se tornou um problema nas grandes cidades. Por outro lado, as baterias de lítio revolucionaram a eletroeletrônica.
Hoje, para quem busca apenas um meio de transporte, os eletrificados são imbatíveis. São veículos ecológicos, potentes, silenciosos, fáceis de dirigir, econômicos, rodam sem restrições, pagam menos impostos e dão pouca manutenção. Por enquanto, estão limitados apenas pelo preço e, em alguns casos, pela autonomia.
Uma frota que cresce a cada dia
Mesmo custando acima de R$ 100 mil, os híbridos e elétricos estão vendendo cada vez mais. De janeiro a junho, apesar da pandemia, foram emplacadas 7.568 unidades e a frota nacional atingiu os 30.092 veículos. Quando os primeiros modelos foram lançados aqui, em 2010, as vendas não chegavam a mil por ano.
As locadoras, taxistas, motoristas de aplicativos e grandes frotistas também estão de olho na tecnologia. Em muitos casos, é mais barato investir na eletrificação. Por aqui, um grande exemplo é a Ambev. A fabricante de bebidas fechou uma parceria com a Volkswagen para comprar 1.600 caminhões elétricos nos próximos anos.
As previsões indicam que as montadoras estarão vendendo cerca de 200 mil veículos híbridos e elétricos por ano no Brasil em 2030. Além de manter essa frota rodando, os mecânicos e eletricistas também poderão se dedicar às conversões, principalmente de carros antigos. Os kits nacionais deverão chegar até o final do ano.
Elétricos no Brasil: de volta para o futuro
Uma curiosidade sobre a presença dos veículos elétricos no Brasil é que o nosso país estava na dianteira da tecnologia na década de 1970, mas acabou “perdendo o bonde da história”. Nosso primeiro modelo eletrificado, o rebocador industrial Kadyketo, foi lançado em 1969 pela Icovel, na cidade de São Paulo.
Em 1974, João Gurgel antecipou o futuro em Rio Claro, no interior paulista. Criou um pequeno carro a bateria (o Itaipu), planejou toda a rede de recarga, as vagas especiais para estacionamento e até um sistema de uso compartilhado. Aqui não deu certo, mas essas ideias foram adotadas mundo afora décadas depois.
Modelos para todas as necessidades
Hoje, você sabia que é possível comprar mais de 50 modelos de veículos eletrificados no Brasil, entre novos e seminovos? Alguns fabricantes, como a BYD, Eletra, Randon, Toyota e Volkswagen já estão produzindo aqui. Muitos desses carros, caminhões, ônibus e carretas vão chegar um dia na sua oficina. Prepare-se!
Audi
A6: híbrido
A7: híbrido
A8: híbrido
Q7: híbrido
Q8: híbrido
e-tron: elétrico
BMW
i3: elétrico
i8: elétrico
330: híbrido plug-in
530: híbrido plug-in
745: híbrido plug-in
X5: híbrido plug-in
BYD
e5: elétrico
eT3: elétrico
Caminhão eT7: elétrico
Caminhão eT8: elétrico
Ônibus D7: elétrico
Ônibus D9: elétrico
Chevrolet
Bolt: elétrico
Eletra
Ônibus: elétricos e híbridos
Ferrari
SF90: híbrido
Ford
Fusion (2010 a 2019): híbrido
JAC
iEV20: elétrico
iEV40: elétrico
iEV60: elétrico
iEV330P: elétrico
Caminhão iEV1200T: elétrico
Jaguar
I-PACE: elétrico
Land Rover
Range Rover: híbrido plug-in
Lexus
CT 200h: híbrido
ES 300h: híbrido
LS 500h: híbrido
NX 300h: híbrido
RX 450h: híbrido
UX 250h: híbrido
Mercedes-Benz
C 200 EQ: híbrido
EQC 400: elétrico
Mini
Cooper SE Countryman: híbrido plug-in
Nissan
Leaf: elétrico
Porsche
Cayenne: híbrido
Panamera: híbrido
Taycan: elétrico
Randon
Semirreboque: híbrido
Renault
Zoe: elétrico
Toyota
Corolla: híbrido
Prius: híbrido
RAV4: híbrido
Volkswagen
Golf GTE: híbrido plug-in
Caminhão Delivery: elétrico
Ônibus: híbrido
Volvo
S60: híbrido plug-in
S90: híbrido plug-in
XC40: elétrico
XC40: híbrido plug-in
XC60: híbrido plug-in
XC90: híbrido plug-in
Diferenças entre os elétricos, híbridos e plug-in
Reparou como existem vários tipos de veículos eletrificados? Os híbridos podem ser modelos “em paralelo” ou “em série”. Na configuração “paralela”, muito usada nos carros, o motor a combustão trabalha em dupla com o elétrico. No sistema “em série”, mais comum nos pesados, o motor tradicional é usado como um gerador.
Os “híbridos plug-in” podem usar qualquer uma dessas tecnologias. A maior diferença é que contam com tomadas para a recarga (como nos modelos puramente elétricos) e, quase sempre, usam baterias maiores. Também costumam ser equipados com motores mais potentes, para rodarem apenas com eletricidade no uso urbano.
Conhecendo os componentes do sistema
Agora vamos apresentar um pouco da tecnologia embarcada nos veículos híbridos e elétricos atuais. De uma forma geral, a grande vantagem é que os componentes são simples e os consertos são bem mais limpos. Mas a eletrônica de controle é complexa e o preço das peças é muito alto. Conheça o papel de cada elemento:
– Baterias: os veículos elétricos costumam usar dezenas (ou até centenas) de células, ligadas em série e paralelo. Em alguns modelos, a tensão pode ultrapassar os 600 volts. Esse conjunto e a rede de cabos de alta tensão (identificados pela cor laranja) são os pontos de maior perigo e cuidado na hora da manutenção.
Atualmente, as células de lítio são as mais usadas. Mas é possível encontrar veículos mais antigos com baterias de níquel hidreto metálico ou tracionárias de chumbo. Para garantir a durabilidade e segurança, os conjuntos costumam ter um módulo eletrônico (o “Battery Management System”) e um sistema de arrefecimento.
– Carregador e conversor: ao contrário do que muitos imaginam, os elétricos também usam um carregador interno, para garantir a precisão e segurança durante a recarga. O sistema ainda conta com um conversor que rebaixa a tensão das baterias para 14 volts, de forma a suprir o sistema elétrico “comum” do veículo.
– Motor elétrico: os veículos mais simples têm apenas uma unidade. Nos esportivos ou luxuosos encontramos mais. São alimentados por corrente alternada ou contínua. Sua refrigeração é feita por ventoinha, água ou óleo. Nos híbridos, são montados entre o motor a combustão e o câmbio, dentro da transmissão ou no diferencial.
– Controlador: tem a mesma função do módulo eletrônico dos motores tradicionais. Gerencia a aceleração, o desempenho e a durabilidade do motor elétrico; converte a corrente contínua das baterias em corrente alternada, nos sistemas que necessitam dessa mudança; e transforma o motor em gerador nas desacelerações.
– Acelerador eletrônico: é outro componente muito parecido com o usado nos carros atuais. De um modo geral, é composto por um resistor variável (na faixa de 0-5k ohms) e um interruptor que inibe o acionamento do motor elétrico quando o motorista não está acelerando, além de informar o controlador para ativar o “modo gerador”.
– Componentes de segurança: são utilizados com o objetivo de proteger todo o sistema elétrico (e também os ocupantes do veículo) contra curtos-circuitos, superaquecimentos, acidentes ou outros problemas. Geralmente encontramos fusíveis (convencionais ou térmicos), contatores, relês especiais e interruptores inerciais.
A manutenção dos híbridos e elétricos
Como você notou até agora, os veículos híbridos e elétricos são bem mais caros e complicados do que os normais. Então, quando algum aparecer na sua oficina, nossa primeira dica é você aceitar o trabalho apenas se tiver feito um curso de capacitação, ter o manual de serviço do modelo e as ferramentas certas.
Em muitos carros, até manutenções banais, como trocar a bateria de 12 volts ou uma correia, podem dar muita “dor de cabeça”, causar grandes prejuízos (com a queima de outras peças do sistema) ou até colocar a sua vida em risco. Outro problema é que muitos veículos precisam de equipamentos especiais para os reparos.
No momento atual, como grande parte da frota eletrificada brasileira ainda está na garantia, o melhor que você pode fazer é procurar um bom curso sobre a tecnologia. Algumas escolas tradicionais, como o Senai, já estão oferecendo essas formações. Quem se capacitar agora, estará pronto para o desafio e sairá na frente!
Além do estudo e do acesso aos manuais técnicos, outro ponto fundamental será contar com todos os equipamentos necessários para o trabalho com alta tensão. É preciso usar óculos de segurança, luvas emborrachadas com isolamento superior a 1.000 volts e até alicates e chaves específicas para essas tarefas.
A oficina também deve contar com os extintores e dispositivos adequados para apagar incêndios em equipamentos elétricos. Toda a equipe precisará estar treinada para agir nessas situações. Pelo mundo, são comuns esses acidentes, principalmente quando deixam os veículos recarregando durante a noite.
A manutenção de um modelo híbrido ou elétrico também exige muita organização, concentração e pesquisa. O ideal é trabalhar num box dedicado e manter as peças mais perigosas, como as baterias, longe dos “curiosos”. Como os componentes são caros e difíceis de achar, o diagnóstico deve ser muito preciso.
Nesse ponto, um cuidado fundamental é investigar a fundo o que provocou o defeito. Quando é um desgaste normal, basta trocar a peça. Mas já pensou se houver outro item gerando a falha? E se for apenas um terminal oxidado? Ou um erro no software?
Imagine o tamanho do prejuízo e a insatisfação do cliente!
Depois de conhecer esses detalhes, o que você achou dos híbridos e elétricos? São muito complicados e perigosos? Ou ficou animado com o desafio? No fundo, é apenas um passo adiante, como foi a chegada da eletrônica. Quem encarar, vai sair na frente e ganhar muitos clientes, seja em manutenções ou conversões.
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