A evolução do sistema de injeção eletrônica e as leis de controle da poluição
Você está sabendo que os motores dos carros, utilitários, caminhões e ônibus novos vão mudar bastante a partir deste ano? As motos também serão atualizadas, mas apenas em 2023. Com a chegada das novas fases do Proconve e Promot, será preciso reduzir, ainda mais, a poluição dos veículos.
É muito importante acompanhar de perto esses programas do governo federal. Desde 1987, quando a primeira etapa do controle de emissões virou lei, quase tudo mudou. Foi preciso alterar os tanques, instalar catalisadores, popularizar o sistema de injeção eletrônica, colocar filtros de partículas, entre outras melhorias.
Hoje vamos relembrar os principais avanços ao longo desses 35 anos e explicar quais serão as novas exigências. Se você trabalha com vendas de autopeças ou numa oficina, siga com a gente e descubra a origem de muitos produtos, sistemas e equipamentos que passaram a fazer parte do seu dia a dia.
Década de 1980
As primeiras fases do Programa de Controle de Emissões Veiculares foram a P1 de 1987 e a L1 de 1988. Apesar das exigências serem mínimas, foi preciso melhorar os tanques para controlar a evaporação do combustível e alterar a injeção mecânica dos motores diesel, que lançavam muita fuligem.
No Salão de 1988, a Volkswagen foi além e apresentou o Gol GTi, o primeiro nacional com injeção eletrônica. Mas enfrentou uma batalha enorme! Desde 1984, a importação de sistemas eletrônicos era praticamente proibida. A lei mudou em 1991, mas deixou o Brasil com um grande atraso tecnológico.
Essa primeira injeção, a LE-Jetronic, ainda era bem limitada. O módulo da ignição (EZ-K) era separado e o motor precisava do distribuidor. Mesmo assim, equipou uma série de “carros de sonho” da VW, GM, Fiat e Ford. Hoje, os poucos especialistas no sistema são muito procurados e valorizados.
Década de 1990
Foi marcada pela chegada das fases L2 (1992) e L3 (1997) na linha leve, além das normas P2 (1994), P3 (1994) e P4 (1998) nos pesados. A maioria dos carros passou a usar um catalisador, os carburadores foram “aposentados” no final de 1997 e a injeção eletrônica fez sua estreia nos caminhões.
Atualmente, os carros dessa época são um desafio para a reposição. Foram lançadas muitas tecnologias diferentes: injeção monoponto (1992), multiponto com módulo único (1992), injeção a álcool (1993), multiponto sequencial (1993), injeção com turbo (1994) e até injeção a etanol com kit GNV (1996).
Na linha pesada, a maior novidade foi a chegada do Volvo FH com injeção eletrônica, em novembro de 1993. Apesar de ser importado da matriz, o caminhão fez tanto sucesso que “acelerou” a modernização dos concorrentes e passou a ser fabricado no Brasil a partir de 1998. Atualmente é o líder de vendas.
Também criaram umas alternativas sem sucesso. A Volkswagen e a Ford (unidas na época como Autolatina) lançaram o carburador eletrônico em 1993. A Volvo apresentou o sistema EDC em 1996. Era uma bomba injetora com alguma eletrônica. Com o tempo, muitos donos adaptaram as peças comuns.
Década de 2000
No novo milênio, o Proconve começou com as fases P5 (2004) e L4 (2005). Estavam previstas as etapas P6 e L5 em 2009, mas foram canceladas pela falta do novo diesel S10, que não ficou pronto a tempo. Já o Promot chegou com tudo! Lançou as normas M1 (2003), M2 (2005) e M3 (2009).
A maior novidade da época foi o Volkswagen Gol Total Flex. Lançado em 2003, foi o primeiro nacional capaz de usar qualquer mistura de etanol e gasolina. A marca ainda melhorou o sistema em 2009. O Polo E-Flex inovou ao trocar o “tanquinho” da partida a frio pelo aquecimento do combustível.
O aperto nas emissões também foi decisivo para a modernização dos motores diesel das picapes. A Ford saiu na frente com a Ranger. Em 2005, passou a usar o avançado motor International NGD 3.0E Power Stroke, com injeção eletrônica common rail, 16 válvulas e turbo com geometria variável.
Nas motos, a Yamaha foi a pioneira ao equipar a Fazer YS 250 com injeção eletrônica a partir de 2005. A Honda “deu o troco” com a CG 150 Titan Mix, na linha 2009. Pela primeira vez no mundo, um veículo de duas rodas saia de fábrica pronto para rodar com etanol e gasolina misturados no tanque.
Década de 2010
Tivemos mais um aperto nas emissões com o Promot M4 (2011), Proconve P7 (2012) e L6 (2013). A mudança na linha diesel foi profunda. Os motores adotaram as tecnologias SCR (redução catalítica seletiva com o Arla 32) ou EGR (recirculação dos gases de escape), além do DPF (filtro de partículas).
Nos carros premium, a injeção começou a ficar cada vez mais sofisticada. A partir de 2013, os modelos importados da Audi passaram a usar duas injeções, para unir as vantagens dos sistemas indireto (no coletor) e direto (nos cilindros). Ainda hoje, essa tecnologia exige muito preparo dos mecânicos.
Em 2014, pouco antes de inaugurar sua fábrica no Brasil, a BMW lançou um modelo feito sob medida para o nosso país. O sedan 320i ActiveFlex era o primeiro do mundo equipado com um motor que unia injeção direta, sistema de alimentação com etanol e gasolina, cabeçote de 16 válvulas e turbo!
Mundo afora, os avanços foram ainda mais radicais. Em 2017, a Mazda apresentou o que pode ser a última evolução dos motores a combustão. Batizado de Skyactiv-X, é uma mistura dos ciclos Otto e Diesel. Além da injeção direta, combina a centelha das velas com a ignição por compressão.
Década de 2020
Depois de passar um bom tempo sem mudanças, o Proconve entrou nas novas fases L7 e P8 este ano. Também teremos a Promot M5 a partir de janeiro de 2023. Alguns motores precisaram sair de linha e as montadoras tiveram que alterar os tanques e os sistemas de cânister de muitos carros.
Nos pesados, como a norma ficou bem severa (é derivada da Euro 6), a solução será combinar as tecnologias SCR, EGR e DPF. Os caminhões e ônibus novos ficarão mais caros e a manutenção mudará bastante. Nas motos, a nova fase reduzirá a poluição dos motores e a evaporação de combustível.
Evolução constante
Como você notou, seja para cumprir as leis ou conquistar novos clientes com as últimas tecnologias, a indústria automobilística está sempre se reinventando. Os profissionais da reposição precisam ficar por dentro das novidades! Em poucos anos, esses avanços chegarão aos comércios de peças e oficinas.
Para garantir seu sucesso, participe dos treinamentos das fábricas, avance nos estudos, procure aprender cada vez mais sobre a eletroeletrônica, forme uma biblioteca técnica com informações confiáveis, invista em equipamentos que podem melhorar seu trabalho e fique de olho nas novas oportunidades.
Na manutenção dos sistemas de injeção eletrônica, por exemplo, até hoje encontramos poucas oficinas especializadas. Quem se dedica ao reparo de veículos mais antigos ou importados, sempre tem clientes e ótimos ganhos! Se um dia a inspeção veicular “sair do papel” em todo o país, esse mercado será enorme.
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