Correia dentada submersa em óleo requer cuidados especiais
O sistema de transmissão de força dos motores ciclo Otto tem acompanhado a evolução tecnológica dos propulsores, no sentido de se tornarem menores, mais leves e principalmente mais eficientes.
Sincronizar o movimento dos pistões com a abertura e fechamento das válvulas de admissão e escape ainda é uma tarefa essencialmente mecânica, apesar de já contar com um rigoroso controle e gerenciamento eletrônico, que permite adiantar ou atrasar abertura e fechamento das válvulas, de acordo com a demanda de torque e potência.
Nesse sistema, um componente deve sempre estar em bom estado: a correia sincronizadora, seja ela de metal, como uma corrente, ou de borracha. E, claro, os rolamentos e esticadores. As correias de borracha têm vida útil inferior às de metal, pois tendem a se desgastar mais rapidamente. Uma forma que a engenharia encontrou para aumentar o tempo de troca das correias de borracha foi desenvolver um produto especial, submerso em óleo.
Ocorre, porém, que este componente utiliza o mesmo óleo que lubrifica todas as peças móveis internas do motor. E, de tempos em tempos, o óleo motor deve ser substituído, assim como o filtro de óleo. “Tenho visto muitos casos que a correia submersa em óleo quebra prematuramente por descuido do motorista na hora de trocar o óleo do motor”, comenta o engenheiro Sergio Torigoe, proprietário do Centro de Diagnóstico Torigoe, de São Paulo.
Torigoe explica que na maioria dos casos, o motorista simplesmente ignora os prazos de troca de óleo recomendado pela montadora, e o óleo contaminado acaba deteriorando prematuramente a correia sincronizadora. “Além disso, outro motivo que reduz a vida útil da correia submersa em óleo é o uso de lubrificante diferente do recomendado pela montadora”, comenta o engenheiro.
O uso de lubrificante diferente do recomendado pode atacar a borracha, uma vez que a correia foi projetada para trabalhar com eficiência de acordo com o pacote de aditivos do lubrificante recomendado. “O uso de óleo que não seja o recomendado pode ser um risco desnecessário, o tipo de economia que depois pode custar muito caro”, alerta Torigoe ao lembrar que a quebra da correia dentada pode causar quebra dos pistões e até mesmo condenar todo o motor do veículo.
Assim, a recomendação é sempre respeitar os prazos de troca do óleo motor, assim como a especificação do óleo recomendada pelo manual do proprietário, lembrando que em casos de usos severos do veículo o óleo deve ser substituído na metade do tempo.
O problema é tão sério que até mesmo para profissionais do setor, aceitar o serviço de troca de óleo motor de carros com este sistema de transmissão de força é um risco. “Não realizo esse tipo de serviço em veículos que desconheço a procedência, pois mesmo que eu faça um trabalho correto não sei o que foi feito antes, que tipo de óleo foi colocado antes, há quanto tempo”, comenta Torigoe.
Já para os clientes interessados em adquirir um carro usado com correia sincronizadora submersa em óleo, o engenheiro recomenda a troca da correia e do óleo motor, de forma preventiva. “Este é o típico caso que é melhor prevenir do que remediar, pois o custo do remédio é muito mais alto do que da prevenção, e infelizmente não há como saber o estado da correia sem desmontar o sistema e avaliar as condições da borracha”, finaliza o reparador.
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Texto por: Alexandre Akashi