O câmbio de dupla embreagem nas motocicletas de alta cilindrada
Provavelmente você já ouviu falar na tecnologia DCT (Dual Clutch Transmission). Afinal, diversas marcas de automóveis já adotaram a transmissão de dupla embreagem. Nem todos sabem que essa tecnologia também está disponível nas motocicletas. Isso porque apenas a Honda equipa alguns modelos com DCT, todos com motores de alta cilindrada, acima de 750 cc.
E, para quem pensa que isso é recente, mais uma surpresa: desde 2010 a tecnologia está presente nos modelos Honda. A primeira foi a VRF1200F, apresentada na Europa. Hoje, no Brasil, cinco modelos contam com câmbio de dupla embreagem: X-ADV 750, NC750X, Africa Twin 1100, Africa Twin Adventure Sport ES 1100 e Gold Wing Tour1800.
Vantagens
Para quem pilota uma motocicleta com DCT, as vantagens sobre o câmbio manual tradicional são grandes. Primeiramente por se tratar de um câmbio robotizado. Um conjunto eletro-hidraulico faz as mudanças de marchas automaticamente, resultando em maior comodidade e conforto para o motociclista, que, se preferir, pode também efetuar as trocas de marchas manualmente, sem a necessidade de acionar a embreagem.
Outra vantagem é o tempo de troca de marchas. Com duas embreagens, as marchas seguintes à engatada, tanto ascendente quanto descendente, já estão pré-engatadas, o que resulta em um tempo muito menor na troca, oferecendo mais agilidade e maior disponibilidade de reação do motor.
Manutenção
Já em termos de manutenção, a durabilidade dos discos de embreagem é, segundo Alfredo Guedes Junior, engenheiro da Honda, muito maior do que nas transmissões manuais. “A durabilidade dos discos de embreagem chega a dobrar, pois o desgaste é menor, tanto por conta das características construtivas da transmissão, quanto pela forma de uso, que por ser automatizada, o motociclista queima menos embreagem nas partidas e trocas de marchas”, explica o engenheiro.
O principal cuidado que o motociclista tem de adotar ao adquirir uma moto DCT é com o período de troca de óleo e filtro, assim como com a especificação do lubrificante. Guedes explique que as motos com DCT da Honda são do tipo carter seco e a transmissão compartilha o óleo com o motor. “Por isso é importante não deixar faltar óleo, fazer as trocas de acordo com o recomendado no manual do proprietário, a cada 6 mil km, e sempre utilizar o Honda 10W30 semi-sintético”, afirma.
Como funciona
O princípio da transmissão de dupla embreagem é simples. Na transmissão manual convencional, a embreagem exerce o papel de desconectar o motor do câmbio, quando é acionada. Neste momento, o condutor realiza a troca da marcha e retorna a embreagem. Tudo é realizado por um único eixo, onde estão todas as engrenagens das marchas, 1ª, 2ª, 3ª, 4ª, 5ª, 6ª, 7ª marchas.
No DCT, existem dois eixos de engrenagens, cada um deles ligados a uma embreagem. Há o eixo das marchas impares (1ª, 3ª, 5ª e 7ª) e o eixo das marchas pares (2ª, 4ª e 6ª). O sistema conta com um robô eletro-hidráulico que realiza o acoplamento e desacoplamento das embreagens, sem a necessidade de o condutor acioná-las manualmente.
Há ainda sensores de velocidade, rotação do motor e ângulo de abertura do acelerador, que enviam informações para uma central eletrônica que determina o melhor momento para a mudança de marchas. Dessa forma o DCT realiza as trocas de marchas automaticamente. No entanto, o DCT possibilita também que as mudanças de marcha sejam realizadas manualmente, por meio de botões no guidão.
DCT nas superesportivas
Apesar de todas as vantagens, a tecnologia DCT não está disponível nos modelos superesportivos da Honda, como a CBR 1000RR-R Fireblade ou CB 1000R. O motivo é simples: todo o sistema DCT pesa 10 kg a mais do que o sistema convencional, o que atrapalha o desempenho mais esportivo.
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