Autonomia do carro elétrico: Por que se fala tanto nisso?
Pouco mais de 100 anos depois da popularização do automóvel, o motor a combustão interna vira vilão do aquecimento global e muitos acreditam que a mobilidade do futuro será elétrica
Ao contrário do que se pensa o carro elétrico não é uma novidade. Diz a lenda, que no início do século 20, quando o automóvel pretendia substituir a tração animal, havia duas opções motorização: a combustão interna, a gasolina (item raro na época, que era comprada em farmácias), e o elétrico.
Não é preciso ser gênio para saber qual predominou. O interessante é a lenda por trás da escolha do motor a combustão interna: na sociedade da época, o fato de o motor elétrico não fazer barulho não agradou aos cavalheiros que decidiam isso.
Sabe-se, no entanto, que a gasolina era um subproduto do querosene, que não tinha serventia e, portanto, não tinha valor de mercado e era jogada fora. Bom, então por que não usá-la, já que era barata? Hoje, além de ser vilã do meio ambiente é um produto que tem seu preço reajustado diariamente.
O problema
Por conta de questões ambientais toda a indústria automotiva tem voltado esforços no aprimoramento tecnológico dos veículos elétricos, que têm como principal empecilho a autonomia e o tempo de carregamento das baterias, além, claro, do peso das baterias. Mas, por que a autonomia é tão importante?
Atualmente a humanidade utiliza o automóvel para praticamente tudo em relação à mobilidade. Ir ao supermercado, ao trabalho, levar as crianças à escola, namorar, se divertir, e viajar com a família. E é justamente esse último ponto que muitos se apegam para acreditar que 300 km de autonomia é pouco para um carro. Afinal, com um carro convencional, após rodar 300 km basta parar por 10 minutos em um posto de combustíveis, encher o tanque e seguir viagem.
Então o problema real não é, necessariamente, a autonomia, mas, sim, o tempo de recarga das baterias, que em estações de recarga ultra-rápida, demora 30 minutos para uma carga de 80%. E, nas tomadas 110V ou 220V comuns, 8 horas ou mais para 100% de carga.
Infelizmente isso será assim por algum tempo, até que desenvolvam tecnologia de bateria de carga mais rápida e eficiente. No entanto, 300 km de autonomia para rodar na cidade, na rotina do dia a dia, é mais do que o suficiente para a grande maioria dos mortais.
Vocação elétrica
Eis, então, que o carro elétrico tem, assim, uma vocação clara: veículo urbano. E, por incrível que pareça, o consumo urbano de um carro elétrico é menor do que o consumo rodoviário. Explico: na cidade, o movimento de acelerar e parar é maior, por conta dos semáforos e do próprio trânsito. A cada freada, a bateria ganha um pouco de carga, pois o motor elétrico se transforma em gerador de energia, que recarrega um pouco a bateria.
Já na estrada não. Basicamente se mantém o pé no acelerador e, com isso, há menos regeneração da energia por frenagem. Por isso a autonomia do carro elétrico é ainda menor em viagens rodoviárias.
Em países melhores desenvolvidos, onde já existe uma boa frota de carros elétricos, muitos consumidores possuem dois automóveis. O elétrico, para uso urbano, e o a combustão interna (gasolina ou diesel) para viagens rodoviárias de longa distância. No uso urbano, onde o carro é utilizado para curtas distâncias, 300 km de autonomia dá e sobra. A noite, é só conectar o carro na tomada e pronto. Tal como se faz com o telefone celular. No dia seguinte, a bateria está 100% carregada.
Soluções
Assim, a autonomia média de 300 km de um veículo elétrico não é necessariamente um problema. Encontrar uma solução para que a recarga das baterias ocorra de forma mais rápida, resolve essa questão. Talvez, uma alternativa seja trocar as baterias descarregadas por outras com carga, tal como se fazia no começo dos telefones celulares. No lançamento da telefonia móvel, as baterias duravam apenas algumas horas e era comum carregar baterias com carga no bolso.
Ou ainda aperfeiçoar a transmissão de energia elétrica por indução e desenvolver pistas de carregamento. À medida que o carro passa pela pista, a bateria é carregada.
Há ainda outras tecnologias de veículos elétricos que estão em desenvolvimento, como os carros à célula de hidrogênio e os reformadores de etanol. Essas são alternativas interessantes. Nos dois casos, há um tanque para colocar o combustível líquido (etanol) ou gasoso (hidrogênio), ligado a um aparelho que o transforma em eletricidade e carrega as baterias.
A vantagem é o tempo de abastecimento e a autonomia do veículo passa a depender do tamanho do tanque, tal como nos veículos à combustão interna. No Brasil, os reformadores de etanol é sucesso garantido, pois já existe toda uma estrutura de abastecimento deste combustível. E o melhor é que, o subproduto da transformação do hidrogênio ou etanol é H2O (água) na forma mais pura que pode existir.
É, portanto, preciso estudar, pesquisar e investir. O futuro do carro elétrico é uma certeza. A popularização deles depende da economia de mercado e de políticas públicas favoráveis, porém, provavelmente ninguém escapará de possuir ou utilizar um no transporte diário.
Agora que você conheceu um pouco mais sobre esta tecnologia, o que achou? É interessante ou muito complicado? Para ler outros conteúdos sobre a profissão, faça o seu cadastro no blog e visite a Nakata no Facebook, YouTube, Twitter, Instagram e Spotify. Aqui você fica sempre bem informado!