Um grupo para chamar de seu. O estilo de vida dos motoclubes
Um motociclista nunca roda sozinho, por mais que esteja só ele sobre a moto. O sentimento de camaradagem entre os amantes das duas rodas extrapola qualquer barreira e preconceito social, econômica, política e religiosa.
Isso porque viver sob duas rodas é um estilo de vida. A paixão pela aventura, aliada à liberdade de sentir o vento no corpo é transformador para muitas pessoas. Sozinhas, já se sentem felizes. Em grupo, a felicidade transborda.
Não é à toa que hoje em dia milhares de motoclubes e motogrupos de amigos se espalham pelo mundo. Estima-se que existem mais de 4.000 deles no Brasil, alguns formados apenas por mulheres, como o Furiosas MC (SP) e Damas de Aço (SP). Alguns dos mais famosos no Brasil são MC Insanos, Abutres e Falcões. Eles reúnem milhares de sócios, nos quatro cantos do país.
História
Um dos primeiros motoclubes que se tem registro foi criado em 1897, por um grupo de amigos de Nova Iorque. Na verdade, era um clube de bicicletas, conhecido como Yonkers Bicycles Club. Em 1903, com o surgimento da Harley-Davidson, muitos trocaram a bicicleta pela moto, surgindo assim o Yonkers Motorcycles.
O Portsmouth Motorcycle Club, de Ohio, também figura entre os mais antigos. Assim como o Yonkers, era um grupo de ciclistas, que teve início em 1893, com o nome de Portsmouth Cycling Club. E, da mesma forma, quando as motos ganharam as ruas, os integrantes adotaram a bicicleta com motor, e em 1913 atualizaram o nome do grupo.
No final da década de 1930, um grupo de mulheres, nos Estados Unidos, também formou um motoclube: o MotorMaids, que atua desde então, sem interrupções, e hoje conta com mais de 1.300 integrantes, todas mulheres, dos Estados Unidos e Canadá.
No Brasil, o primeiro motoclube foi fundado em 1927, o Moto Clube do Brasil, no Rio de Janeiro. Anos depois, em 1932, surgiu o Motoclub de Campos. Na década de 1960, surge o Zapata Moto Clube (1963), em São Paulo, e em 1969, no Rio de Janeiro, o Balaios Moto Clube, que já seguia os novos padrões internacionais e o princípio de irmandade.
Nos anos 1990, com a liberação da importação de veículos, os motoclubes se popularizam. Surgem os Abrutres, os Bodes do Asfalto e milhares de outros.
Responsabilidade social
Participar de um motoclube não é apenas sair para confraternizar e passear. A maioria dos motoclubes utilizam a força da união para prestar auxílio social, com distribuição de cestas básicas e eventos beneficentes.
Anualmente, os Falcões se reúnem em uma gigantesca área em Guarulhos, em São Paulo, cedida pela administração municipal, que funciona como sede nacional, para comemorar o aniversário da associação. Em um final de semana, reúnem mais de 40 mil pessoas, para uma grande festa, onde são arrecadados toneladas de alimentos.
No Furiosas MC, o propósito social é apoiar mulheres, por meio do motociclismo, que se encontram em situação de desamparo emocional. Para tanto, formaram uma comunidade inclusiva, coesa, animada e empática, com objetivo de proporcionar apoio, com orientação e incentivo às mulheres que buscam e precisam de acolhimento.
Colete, manto sagrado
Entrar para um motoclube, portanto, significa muito mais do que apenas a paixão pela motocicleta. A maioria dos motoclubes têm regras e estatuto social bem definidos, aos quais os integrantes devem respeitar. As leis dos motoclubes geralmente são rígidas, e quem fugir das regras podem até ser “descoletado” (ao ser expulso, o integrante deve devolver o colete que identifica o motoclube).
O colete de um motoclube é como um manto sagrado. Ao vesti-lo, o motociclista nunca está sozinho, mas acompanhado de todos os integrantes do motoclube. Por isso, seus atos refletem diretamente em todo o grupo. Devolver o colete significa a perda da identidade com o grupo.
Motoclube ou motogrupo?
Além de estatuto, os motoclubes são entidades legais. Possuem CNPJ, presidente, diretores e conselho, um objetivo bem definido e autorização para usar o termo MC no nome. Além da sede pode ter regionais no país.
Uma opção são os motogrupos de amigos, formado por pessoas interessadas em motos, podendo ou não possuir objetivos, regras, logotipo ou até colete, sem obrigatoriedade legal de ter CNPJ.
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Texto por: Alexandre Akashi