Os milagres da nanotecnologia na pintura automotiva
Em 2014, a Nissan apresentou ao mundo o carro que não suja. Foi um frisson daqueles. Praticamente todos os veículos de comunicação noticiaram a novidade. Pena que se tratava de apenas um protótipo que logo depois caiu no esquecimento da montadora.
Apesar disso, a tecnologia existe e pode ser adquirida por qualquer pessoa interessada em aplicar uma proteção extra na pintura do carro. Trata-se de um revestimento com nanopartículas polimétricas que repelem água e óleo da superfície onde o produto é aplicado, tornando-a impermeável.
No caso da Nissan, foi utilizado o Ultra Ever Dry, fabricado pela norte-americana UltraTech International. Esse produto, no entanto, pode ser aplicado em praticamente qualquer utensílio que se deseja impermeabilizar, como blocos de concreto, luvas de couro cru, botas, metal, plásticos, enfim, quase tudo.
Atualmente há no mercado diversas outras marcas de produtos similares, e algumas ainda mais tecnológicas, todas utilizando nanotecnologia, como os revestimentos cerâmicos autorregenerativos (self healing coating), que agem após 24 horas de sua aplicação com o efeito do calor, temperatura acima de 60° C, com exposição solar ou soprador térmico, além de impermeabilizar a pintura, como o Ultra Ever Dry.
Trata-se de um produto que é aplicado na lataria do veículo, sempre polido e limpo, que cria uma camada de revestimento transparente mais macio, que não está completamente seco, diferentemente da pintura original de fábrica, que usa um verniz duro que pode arranhar quando entra em contato com um objeto abrasivo.
Após aplicado, sempre que a superfície é arranhada, o revestimento cerâmico autorregenerativo reorganiza as moléculas que compõem o revestimento. Sob a aplicação de fontes de calor como água morna ou luz solar, essas moléculas recebem a energia para se reorganizarem em seu estado original sem riscos.
No entanto, há limites para essa autorregeneração, que só funciona em arranhões leves na superfície contidos no revestimento transparente. Arranhões mais profundos que atravessam essa fina camada de tinta não podem ser curados pelo polímero elástico.
A pintura auto-regenerativa também requer alguns cuidados especiais. Polidores de carro abrasivos não devem ser usados, pois podem cortar e remover o revestimento transparente especial que confere à tinta sua capacidade de cura.
Outra desvantagem é a longevidade da capacidade de autocura. A capacidade de autocura depende do fato de o verniz ser macio e elástico para que suas moléculas possam se reorganizar após um arranhão. Com o tempo (geralmente 5-6 anos), o verniz endurecerá e gradualmente perderá sua capacidade de reparar arranhões.
As montadoras poderiam utilizar esse tipo de revestimento cerâmico autorregenerativo nas pinturas originais? Sim, porém o custo ainda é mais alto do que o verniz normalmente utilizado. Mas, quem sabe um dia propostas como a Nissan apresentou em 2014 não ganhem escala comercial grande o bastante para se tornar um item opcional de fábrica ou até mesmo item de série dos veículos zero quilômetro? Afinal, a nanotecnologia de tintas autorregenerativas já é uma realidade e está disponível no mercado de reposição para quem deseja um cuidado extra no carro.
As possibilidades que esta tecnologia proporciona são incríveis, não é? Quer ficar por dentro de mais conteúdos do setor automotivo? Então, confira nosso canal no YouTube e tire todas as suas dúvidas! Além disso, você também pode nos seguir no instagram!