Frenagem regenerativa: você conhece essa tecnologia?

A frenagem regenerativa, apesar de ser um recurso ainda pouco utilizado em nossa frota, por ser exclusivo dos novos modelos híbridos e elétricos, é um sistema que conta com muitas vantagens. Até pouco tempo, era uma solução aplicada apenas em veículos luxuosos ou esportivos, mas agora está conquistando todos os segmentos.
Nas próximas décadas, com as leis de controle da poluição cada vez mais severas, o avanço da eletrificação e a maior consciência ambiental dos motoristas, é certo que essa inovação vai estar presente no dia a dia de todas as oficinas. Os mecânicos precisam estar atentos e dominar todos os seus segredos o quanto antes.
Ficou interessado e quer aprender mais sobre o assunto? Siga com a gente! Vamos apresentar os principais detalhes da história, funcionamento e manutenção do sistema.
Os diferentes conceitos
Ao longo da história dos veículos, as grandes montadoras e muitos inventores independentes criaram os mais diferentes sistemas para aproveitar uma parte da energia desperdiçada durante as frenagens. Atualmente, essas soluções costumam ter um funcionamento eletroeletrônico, hidráulico, pneumático ou apenas mecânico.
Nos veículos leves comuns, tanto nos híbridos quanto nos elétricos “puros”, a tecnologia usada na frenagem regenerativa é bem simples. Toda vez que o motorista tira o pé do acelerador, um sensor avisa o módulo eletrônico para converter o motor elétrico de tração (ou os motores) num grupo gerador para recarregar as baterias.
Dependendo do carro e da potência dos seus motores elétricos, a força dessa frenagem auxiliar é tão forte que os fabricantes costumam programar o módulo eletrônico para evitar acidentes e garantir uma melhor dirigibilidade. O padrão é sempre deixar o freio hidráulico convencional comandando e finalizando o processo.
As vantagens da tecnologia
Nos modelos comuns, equipados apenas com o motor a combustão, o atrito gerado entre o disco e a pastilha, ou a lona e o tambor, é o grande responsável pela frenagem, transformando a energia mecânica do movimento em calor. É uma tecnologia muito eficiente, mas também é um grande desperdício de peças e combustível.
Se o veículo é híbrido ou elétrico “puro”, a frenagem regenerativa aproveita essa energia de uma maneira muito mais eficiente. Quando o motor elétrico atua como um gerador, é criada uma grande resistência eletromagnética ao movimento, ajudando a parar o veículo. Ao mesmo tempo, a energia gerada é enviada para as baterias.
Outro avanço importante é na velocidade de reação. O sistema de freio tradicional, por atrito, demora cerca de 300 milésimos de segundo até alcançar a força máxima de travamento. A frenagem regenerativa pode atuar em um terço desse tempo. Na prática, isso proporciona uma distância de parada mais curta, aumentando a segurança.
Os donos de veículos eletrificados também economizam muito na manutenção dos freios. Como uma grande parte da frenagem é feita pelo motor elétrico, o desgaste nos discos, pastilhas, tambores e lonas é mínimo. Em alguns modelos, como o Toyota Prius, é comum se realizar as primeiras trocas de peças após 100.000 km ou mais.
Mais seguros e ecológicos
Nos carros híbridos, o sistema eletroeletrônico de tração ainda tem uma segunda função, sendo usado para ampliar o efeito do freio-motor. Numa serra, por exemplo, o motorista conta com um sistema extremamente seguro (mesmo nas descidas mais severas) e ainda gera muita eletricidade para recarregar as baterias.
Além das vantagens tecnológicas, a frenagem regenerativa colabora com a redução do impacto ambiental dos veículos. Os benefícios são muitos: menor geração de fuligem pelos freios, maior durabilidade das peças (poupando matérias-primas e energia), redução no consumo de combustível dos híbridos, aumento da autonomia, etc.
A tecnologia na oficina
Depois que o sistema ABS se tornou obrigatório em todos os carros novos, a partir de 2014, os mecânicos perceberam que a manutenção dos freios ficou mais complicada e profissional. Nos veículos atuais, até uma troca de pastilhas pode dar vários problemas. Em muitos casos, é preciso usar ferramentas especiais e o scanner.
Com o aumento da frota de híbridos e elétricos “puros”, essa situação ficará ainda mais complicada. Para funcionar bem, a frenagem regenerativa costuma combinar uma série de elementos, desde o motor a combustão até o banco de baterias. Um desgaste excessivo de pastilhas, por exemplo, pode ter origem numa falha de software!
Mas não tem jeito, em poucos anos, todas as oficinas brasileiras precisarão encarar essa nova realidade. Quem não se atualizar, com certeza vai ficar para trás e começar a perder muitos clientes. Em 2020, a frota eletrificada nacional foi estimada em 40 mil unidades, com um crescimento nas vendas de 66% em relação ao ano anterior.
É importante se preparar
Para fazer a manutenção desses modelos, é fundamental o mecânico ter uma formação técnica avançada em veículos híbridos e elétricos. Em alguns estados é possível encontrar esses cursos com preços acessíveis e professores de alto nível. Quem investir em capacitação desde já, com certeza vai lucrar muito!
Também é necessário comprar todos os equipamentos de proteção, ferramental adequado, manuais confiáveis, scanners e outros dispositivos para um diagnóstico preciso. Unindo um conhecimento elevado com uma estrutura adequada, você será capaz de fazer a manutenção desses veículos com facilidade, segurança e qualidade.
Fique atento aos riscos
Por outro lado, nunca tente fazer reparos num carro eletrificado sem estar muito bem preparado. Até consertos simples de mecânica, como uma troca de amortecedores ou a substituição de uma bomba do motor a combustão de um híbrido, podem colocar a sua vida em risco, caso você não respeite todos os procedimentos.
Agora que você conheceu um pouco mais sobre o sistema de frenagem regenerativa e descobriu quais as suas principais vantagens, procure sair na frente dos concorrentes e crie um plano para se capacitar e adquirir os equipamentos necessários. Como essa tecnologia ainda está chegando por aqui, é possível ir evoluindo aos poucos.
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