Motos flex: Vale a pena usar etanol?
As motos flex já representam mais de 70% do volume de vendas de motocicletas no Brasil. Entenda quando usar o etanol é mais vantajoso do que a gasolina
Desde 2009 as motos flex fazem parte do cotidiano dos motociclistas, principalmente daqueles que a utilizam para trabalhar, seja com entregas ou simplesmente como uma alternativa ao transporte público, uma vez que a totalidade delas está na faixa dos 125cc a 300 cc. Apesar de já ter se passado doze anos, ainda há muitas dúvidas sobre o uso do etanol em motocicletas.
Tal como ocorre nos automóveis, a moto flex é resultado da necessidade das montadoras se adequarem às novas leis de emissões de gases de efeito estufa. Em 2009, o Promot (Programa de Controle da Poluição do Ar por Motocicletas e Veículos Similares) entrou na terceira fase, o que obrigou as fabricantes a aposentar os carburadores. Chegou, assim, a Era da injeção eletrônica nas motocicletas.
Esse avanço tecnológico permitiu a adoção dos sistemas bicombustíveis (gasolina/etanol), que já estava totalmente desenvolvido e não adicionaria custos elevados na produção de motocicletas flex. A primeira foi a Honda CG 150 Mix. Desde então, a grande maioria dos modelos até 300 cc comercializados no Brasil, das marcas líderes de vendas Honda e Yamaha, utilizam essa tecnologia, o que representa mais de 70% das unidades vendidas atualmente.
Quando usar etanol?
Ter liberdade de escolha de qual combustível utilizar é bom para o consumidor. Com o elevado preço da gasolina, usar etanol é uma alternativa para não ficar com o bolso vazio ao abastecer. Mas, existe um pênalti nesta escolha. Tal como nos automóveis, quando abastecido com etanol, a motocicleta roda uma quantidade menor de quilômetros por litro, apesar de ficar um pouco mais potente e forte.
Segundo a Honda, a CG 160 Cargo, um dos modelos mais vendidos da marca, gera potência máxima de 15,1 cv a 8.000 rpm quando abastecida com etanol, e torque máximo de 1,54 kgfm a 7.000 rpm. Com gasolina, a potência máxima cai para 14,9 cv a 8.000 rpm e o torque máximo para 1,40 kgfm a 7.000 rpm. Não é um absurdo, mas é uma diferença.
Não é por isso, no entanto, que a moto gasta mais combustível quando abastecida com etanol. Ocorre que o poder calorífico do etanol é menor do que o da gasolina, assim é preciso queimar mais combustível para rodar a mesma distância. Em média, essa diferença é de 30%. Ou seja, se por exemplo uma moto faz 50 km/l de gasolina, no etanol fará apenas 35 km/l.
A conta que o motociclista tem de fazer é na hora de abastecer. Se a diferença de preço entre gasolina e etanol for maior do que 30%, vale a pena usar o etanol. Numa conta prática, basta multiplicar o preço da gasolina por 0,7. Se o resultado for maior do que o preço do etanol, use etanol. Se for menor, a gasolina é o combustível mais vantajoso.
Assim, se a gasolina estiver a R$ 6,59 e o etanol a R$ 4,39, o etanol é a escolha certa, pois R$ 6,59 x 0,7 = R$ 4,61. Significa que para empatar, o etanol teria de custa R$ 4,61, mas como é R$ 4,39, há economia. Para rodar 200 km, seriam necessários 4 litros de gasolina (com o exemplo acima, de consumo a 50 km/l), o que significaria desembolsar R$ 26,36. Os mesmos 200 km, utilizaria 5,71 litros de etanol, um custo de aproximadamente R$ 25,10.
É preciso misturar combustíveis?
Essa é uma dúvida clássica e controversa. Os fabricantes dizem que não, porém há uma exceção. A partida a frio, aquela primeira partida do dia, pode ficar mais difícil quando a moto utiliza apenas etanol. Isso ocorre com automóveis também, e a solução das montadoras para esses casos é a utilização de um tanque auxiliar de partida, o tanquinho, que deve ser abastecido com gasolina. Nas motos, porém, esse tanquinho não existe, por falta de espaço físico.
Assim, em locais onde a temperatura é muito fria, é aconselhável misturar um pouco de gasolina no tanque, ou utilizar apenas o combustível fóssil. A Honda recomenda uso de 25% de gasolina em locais onde a temperatura é de 5°C ou menor. Já a Yamaha recomenda abastecer a moto com pelo menos 3 litros de gasolina quando a temperatura é inferior a 20°C.
Como funciona o sistema das motos flex?
As motocicletas flex possuem um sensor que identifica o tipo de combustível que está sendo queimado. Esse sensor informa a central eletrônica qual é o combustível e ela adéqua o tempo e quantidade de combustível que deve ser injetado na câmara de combustão.
Nas motocicletas, a central eletrônica conta com quatro mapas de injeção diferentes: só gasolina, mais gasolina do que etanol, mais etanol do que gasolina e só etanol. A partir dessas informações o motor passa a funcionar.
É importante prestar atenção ao trocar de combustível, principalmente quando a substituição for feita de gasolina para etanol. Como o sensor identifica o tipo de combustível pela queima, pode ocorrer dificuldade de partida a frio nesses casos, pois o sistema precisa de um certo tempo para reconhecer o novo combustível. Assim, a recomendação é rodar alguns quilômetros com o novo combustível para dar tempo de o sensor informar a central eletrônica que foi feita a troca, e a central adequar o sistema de injeção para os novos parâmetros.
Outra característica das motos flex é que diversos componentes do motor recebem tratamento especial para resistir à corrosão causada pelo etanol.
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