Diagnóstico de falhas na direção: passo decisivo para uma manutenção de qualidade

Sem sistema de direção, um carro não pode funcionar, certo? Por isso, qualquer problema nos seus componentes pode ter impactos significativos na segurança.
Nesse sentido, realizar o diagnóstico do sistema de direção corretamente é uma tarefa muito importante. Envolve desde uma conversa com o dono do carro até a atenção aos diversos sinais que aparecem quando uma peça está avariada, como ruídos, vibrações, resistência ao esterçar, entre outros.
Com toda a sua experiência de oficina, é certo que você atendeu muitos casos assim. Como sempre é possível aprender mais, neste artigo, reunimos os principais cuidados para os mecânicos fazerem um diagnóstico de problemas no sistema de direção de maneira precisa.
A seguir, vamos abordar vários assuntos, incluindo os principais tipos de direção usados na frota nacional, quais são as falhas mais comuns e como orientar os clientes sobre a forma correta de cuidar dos veículos, evitando quebras inesperadas. Gostou do tema? Então vamos em frente!
As características de cada sistema de direção
Os veículos que rodam no Brasil usam, principalmente, quatro tipos de sistema de direção: mecânica, hidráulica, eletro-hidráulica e elétrica. Cada uma tem pontos fortes e fracos bem destacados. O mecânico que domina essas características e diferenças faz o diagnóstico com mais rapidez e precisão.
Direção mecânica
A maioria dos carros brasileiros usa o modelo de pinhão e cremalheira. É simples, preciso e barato
Direção hidráulica
Outra opção muito comum no Brasil é a direção com assistência hidráulica.
Direção eletro-hidráulica
Sua vantagem é dispensar o acionamento mecânico da bomba, que é substituído por um motor elétrico com controle eletrônico.
Direção elétrica
Mesmo sendo uma novidade para muita gente, a direção elétrica está cada vez mais popular no Brasil. É uma tecnologia mais simples do que a eletro-hidráulica, mas exige um bom conhecimento na hora de fazer um diagnóstico e o reparo.
Como fazer um diagnóstico preciso de falhas na direção?
Depois de muitos anos de trabalho na oficina, o mecânico consegue identificar facilmente a maioria dos problemas que o sistema de direção pode apresentar. Alguns comportamentos estranhos ou ruídos característicos tornam esse processo bastante simples de ser feito.
O complicado é quando aparecem defeitos intermitentes, falhas que misturam mecânica e eletroeletrônica ou quando vários sistemas do veículo estão envolvidos. Você se identificou com alguma dessas situações, não é mesmo? Nessas horas, é melhor contar com uma ajuda extra.
A experiência do dono
Por mais experiente que o mecânico seja, quem dirige o veículo todos os dias é o motorista. Na maioria das vezes, também é o cliente que tem o primeiro contato com o problema. Por essas razões, comece o trabalho com uma boa conversa, tentando reunir a maior quantidade de informações.
A seguir, faça um teste de rodagem junto com o dono. Troque ideias sobre o defeito e dirija até ficar com a certeza de que a falha apareceu e está bem identificada. Outra vantagem desse cuidado é que você poderá informar, desde o início, qual é a gravidade do conserto. Isso sem falar que essa prática é o primeiro passo para criar uma relação de confiança entre mecânico e proprietário.
A checagem técnica
Após retornar para a oficina, faça uma avaliação completa do veículo, de preferência usando uma checklist para não deixar passar nada. Cuidado, alguns problemas costumam desaparecer quando o automóvel está suspenso.
Investir em equipamentos de ponta é uma mão na roda nesse momento.
Quais são os problemas mais comuns?
Mecânicos experientes conhecem os problemas que podem surgir no sistema de direção e suas prováveis causas como a palma de sua mão. Mas não custa relembrar, não é mesmo? Os principais estão descritos a seguir.
Comportamento instável
Pode ter como causa uma folga excessiva nas buchas ou terminais. Ainda, a geometria de alinhamento pode estar fora dos padrões, pode haver peças montadas incorretamente no sistema de direção ou suspensão, ou os pneus podem estar desgastados.
Folga na direção
Diversos defeitos podem causar essas folgas. Verifique o desgaste dos terminais de direção e axial.
Direção pesada
Pode ser provocada por uma calibragem dos pneus abaixo do ideal, pneu desgastado, uso do pneu errado, alinhamento.
Vibração no volante
Ocorre principalmente quando os pneus, as rodas e os semieixos estão com problemas mais graves. Em alguns casos, a falha pode ter origem nos terminais (de direção ou axiais), quando eles estão muito gastos e com folgas.
Impossibilidade de alinhamento
A causa pode estar no desgaste dos terminais, barras ou buchas, ou em componentes do sistema de suspensão (amortecedores, molas, braços ou bandejas) deformados ou alterados, além de problemas estruturais mais sérios.
Desvios na direção ao usar o freio
Pode ser ocasionado pela pressão desigual dos pneus, bandejas ou braços empenados, falta de aperto nos grampos dos feixes de molas (nos veículos utilitários), problemas no sistema de freio ou danos na estrutura.
Veículo andando em ziguezague
Um automóvel que não consegue manter a trajetória pode estar com problemas no mecanismo da caixa de direção ou nos barramentos. Também pode ser algum defeito sério nas suspensões, monobloco ou chassi.
Quais são as falhas nos componentes?
Além desses problemas gerais, que podem envolver um ou mais sistemas do automóvel, vamos falar sobre algumas falhas que costumam aparecer em certos elementos do conjunto de direção. Continue a leitura para saber mais a respeito de cada uma delas!
Volante
Se o volante treme quando o carro está em baixa velocidade, é bem provável que o problema esteja nas rodas, pneus, discos ou cubos. Pode ter origem em uma peça desgastada ou, até mesmo, um defeito provocado por uma manutenção anterior, que não foi bem executada.
Mas, nem sempre esse é o caso. Uma boa forma de confirmar se há alguma falha séria é fazer uma inspeção em todo o sistema de direção e suspensão, verificando folgas e desgastes. Depois, é preciso calibrar os pneus, realizar o alinhamento e o balanceamento.
Nesse momento, é fundamental conferir o estado da rodagem. Rodas excessivamente tortas ou consertadas com solda, além de pneus descamados ou de baixa qualidade, são fatores que colaboram muito para essa trepidação ao rodar.
Quando o volante fica pesado, algumas das causas podem estar nos pneus. Se forem mais largos do que o recomendado ou, ainda, se estiverem murchos ou “carecas”, há uma grande probabilidade de impactarem a realização das manobras.
Coluna de direção
Muitas vezes, a caixa de direção leva a culpa por problemas que estão escondidos embaixo do painel, ao longo da coluna. Entre as falhas mais frequentes estão os ruídos provocados por folgas nos acoplamentos ou nas cruzetas e travamentos desses componentes.
Outro ponto problemático está no sistema de segurança da coluna. Algumas montadoras usam um pino de travamento para unir os tubos. Em um acidente, esse elemento quebra e impede que o volante atinja o motorista. O problema é que, com o tempo, podem aparecer folgas nesse pino.
Em um sistema de direção elétrica, que usa o motor na coluna, um defeito bastante frequente é a quebra do coxim, também chamado de bucha, roseta ou acoplamento. É uma peça de borracha (com a forma de uma engrenagem) usada na conexão do motor com a coluna.
Quando esse componente quebra ou fica gasto, gera um barulho ao virar o volante. O item é muito barato e a troca é relativamente rápida. Mas, como você bem sabe, para o serviço ficar bem-feito, é preciso usar um scanner para calibrar o sensor de ângulo da direção.
Caixa de direção
Como esse componente é o centro do sistema de direção e recebe todos os esforços do volante e das rodas, é natural que apresente algumas falhas depois de um tempo, ainda mais quando o veículo roda por ruas e estradas ruins. Porém, muitas vezes, a caixa é condenada sem razão.
O defeito mais frequente nas caixas de direção é o aparecimento de folgas nos componentes internos, seja no conjunto do pinhão e cremalheira (o sistema mais usado nos modelos leves) ou setor e rosca sem fim (o preferido dos utilitários).
Esse problema pode ser resolvido com a troca da caixa, em último caso.
Quando o veículo usa um sistema de direção elétrica com gerenciamento eletrônico, também é fundamental efetuar um diagnóstico com o scanner. Em algumas situações, a falha é corrigida apenas com um ajuste na programação.
Qual é o processo de centralização da caixa na instalação?
O procedimento de centralizar a caixa de direção deve ser feito antes de sua instalação no veículo. Para isso, com a caixa apoiada em uma superfície, como uma bancada, movimente a cremalheira de um extremo até o outro, para saber o número de voltas do pinhão. Isso só poderá ser realizado utilizando a ferramenta apropriada, que precisa ser acoplada ao pinhão. Não esqueça de tomar cuidado para não danificar as estrias.
Assim, com a contagem feita, será preciso fazer o ajuste retornando parte das voltas. Funciona da seguinte maneira: se foram 6 voltas de um extremo ao outro, é necessário retornar 3.
Em seguida deve-se instalar os terminais de direção. Agora é hora de manter a atenção para não alterar a centralização realizada. Por fim, ocorre a instalação no veículo. Basta fazer o posicionamento da vedação no painel corta fogo de maneira correta. Como medida complementar à instalação, realizar um alinhamento ou geometria, para certificar que tudo correu bem, é uma boa pedida.
Sistema hidráulico
Quando o volante fica duro e pesado em veículos que têm direção hidráulica, quase sempre o problema está em alguma parte desse circuito. É um diagnóstico mais complicadoe, em certos casos, é preciso recorrer a um especialista.
Na oficina, é bom começar verificando o estado do acoplamento. Confira se a polia, a correia e o tensionador do sistema, que aciona a bomba, não apresentam desgastes acentuados, vibrações, desbalanceamentos ou ruídos, que indicam algum problema mais sério.
A seguir, é preciso iniciar uma inspeção na parte hidráulica. Comece procurando vazamentos e falhas em todo o circuito, desde o reservatório até a caixa de direção.
As mangueiras não podem apresentar bolhas ou contato entre elas. O atrito pode desgastá-las mais rapidamente ou até mesmo rompê-las. As conexões precisam estar estanques e sem nenhum sinal de contaminação da mangueira pelo fluido, por menor que seja.
Barras de direção
Como é o responsável por fazer a ligação entre a caixa e as rodas, o conjunto de barras de direção acaba recebendo todos os impactos do sistema de suspensão. De acordo com a qualidade do piso, esses componentes podem apresentar vários problemas.
Entre os defeitos mais comuns estão as folgas nos terminais de direção. Elas podem provocar desde barulhos e vibrações até desordens no alinhamento do veículo. Tudo isso acaba danificando os pneus e reduzindo a durabilidade de outros componentes da direção e da suspensão.
Da mesma forma, essas peças merecem uma análise muito cuidadosa por parte do mecânico, uma vez que envolvem o controle do carro e, em caso de quebra, acabam provocando acidentes graves. Se for preciso, explique para o cliente por que é melhor fazer a troca.
Coifas
Por último, mas não menos importante, o mecânico deve aproveitar o processo de diagnóstico do sistema de direção para fazer uma verificação completa em todas as coifas. São essas peças que garantem uma maior vida útil aos outros componentes. Ao detectar qualquer problema, mesmo que seja um ressecamento, aproveite a manutenção para fazer a troca.
Quais são os cuidados que eu devo ter?
Além de realizar um diagnóstico do sistema de direção correto, o mecânico precisa ter muita atenção em alguns pontos para fazer uma manutenção de qualidade e garantir a segurança do seu cliente. Vamos conferir o que é mais importante observar nos carros atuais?
Acesso à informação
Com a frota nacional cada vez mais moderna, também é fundamental investir em informação. Para reparar corretamente centenas de modelos diferentes e cheios de detalhes, é preciso participar sempre de treinamentos, eventos e reunir muita literatura técnica.
Hoje, com a internet e todo o apoio dado pelos fabricantes de autopeças e as principais montadoras, é fácil montar uma boa biblioteca gastando pouco. Aproveite, ainda, as oportunidades para estudar pela internet — você pode, inclusive, participar dos cursos da Nakata.
Qualidade das peças
Em consertos no sistema de direção, todo cuidado é pouco. Mesmo que algum cliente insista, o mecânico precisa manter o seu profissionalismo e não embarcar em situações perigosas, como fazer alterações no carro, improvisar com solda, usinagem ou usar peças sem qualidade.
Os componentes recondicionados, por exemplo, são uma grande armadilha para os profissionais da área e para os proprietários de veículos. Muitas vezes, a economia acaba em um acidente, ninguém se responsabiliza e o conserto vira um caso de polícia. O mesmo vale para as peças compradas em desmanches.
Até os componentes novos precisam de uma grande atenção, sendo necessário conferir no catálogo do fabricante a aplicação correta de cada item e escapar dos produtos de baixo custo ou “piratas”. Não existem milagres nos processos de fabricação. Confie apenas nas melhores marcas. Afinal, nessas situações, qualidade é sinônimo de segurança e tranquilidade.
Quais dicas eu posso dar para os meus clientes?
A velha máxima que diz “prevenir é melhor que remediar” pode estar desgastada, mas ainda é verdadeira. No caso de veículos, a manutenção preventiva deve ser sempre incentivada. Confira estas dicas importantes para manter os seus clientes informados e seguros!
Rodar a uma velocidade compatível com o piso
Dirigir em alta velocidade sempre é perigoso, ainda mais quando se trafega por ruas e estradas esburacadas. Além de causar danos aos pneus, rodas e todo o sistema de suspensão, esse costume acaba trazendo problemas e reduzindo a durabilidade dos elementos do sistema de direção.
Ter cuidado com as cargas pesadas
Outro bom conselho a ser compartilhado com os clientes é a respeito do transporte de cargas no veículo. O correto é nunca carregar mais peso do que o recomendado no manual e também fazer uma distribuição uniforme da bagagem. Assim, o carro rodará seguro e sem danos.
Não dirigir com o volante duro
Já falamos bastante a respeito dos sinais emitidos pelo carro quando o volante fica pesado para ser manuseado. Há uma série de problemas que podem estar presentes no sistema de direção. Ignorar esses sinais pode ser perigoso e aumentar o prejuízo.
Prestar atenção aos ruídos estranhos
Da mesma forma, oriente o seu cliente a sempre procurar a oficina ao menor sinal de barulho no sistema de direção. Explique quais são as situações mais perigosas e como é possível identificar cada uma delas ao dirigir. Essa é uma ótima forma de diferenciar o seu trabalho, garantindo a preferência dos donos de carro.
Fazer revisões frequentes
Para garantir que o motorista não vai ficar na mão, é recomendado indicar que a revisão preventiva seja feita a cada 6 meses ou, no máximo, a cada 10 mil km rodados. Essa é a melhor forma de assegurar a máxima segurança e evitar quebras desnecessárias e caras.
Garantir uma direção preventiva
No Brasil, ter um curso de direção preventiva ou defensiva é válido para todo condutor. Ele ensina medidas para a condução segura do veículo. Você, como mecânico, tem a oportunidade de reafirmar a importância disso para seu cliente. A dica aqui é falar como evitar problemas no carro com a direção preventiva.
Por fim, você ainda pode mostrar para seu cliente alguns materiais de leitura para que fique por dentro da causa de certos inconvenientes. Por exemplo, sugira que ele saiba como identificar os problemas na caixa de direção. Dessa forma, assim que notar qualquer um dos sintomas, ele já sabe que precisa procurar você quanto antes!
O sistema de direção é fundamental para o funcionamento do veículo. Os seus diversos tipos, falhas e problemas exigem atenção e cuidado, que só um bom mecânico, como você, pode oferecer. Com seu trabalho e seus conselhos, os clientes terão mais segurança.
O que você achou do nosso texto? Neste artigo, buscamos reunir várias informações sobre a forma correta de fazer o diagnóstico do sistema de direção, além de apresentar os defeitos mais comuns e questões envolvendo as novas tecnologias.
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