Ranger Black: a picape urbana da Ford
Qual o tamanho ideal para um veículo urbano? Para a Ford, a resposta é Ranger Black. Lançada em março do ano passado, a picape traz como proposta sofisticação, exclusividade e conectividade. Avaliamos o modelo, que tem presença marcante no trânsito e é uma boa escolha para fugir do lugar comum dos SUVs.
Uma picape média numa metrópole como São Paulo tem prós e contras. Os contras são, basicamente, os quase 5,5 metros de comprimento, que a torna um estorvo na hora de estacionar em certos locais. Outro ponto que merece atenção é o sistema de suspensão traseiro, com feixe de molas, que faz o carro pular e sacolejar bastante ao passar por pisos irregulares, valetas e lombadas, quando a caçamba está vazia e leve.
Consumo
Outro ponto contra é o consumo de combustível. Carros grandes e pesados tendem a gastar mais do que os compactos. Para tentar contornar essa situação, a Ford escolheu um motor menor para a versão Black. Ao invés do tradicional Duratorq 3.2 de cinco cilindros, equipou a picape urbana com um motor 2.2, de quatro cilindros. O resultado é um consumo declarado de 9,5 km/l na cidade, e 10,7 km/l na estrada.
Na semana de teste, o consumo na cidade ficou bem próximo: 10 km/l. Já na estrada, em viagem para o litoral Sul, partindo de São Paulo, o consumo foi de 13 km/l, considerando descida e subida de serra, trechos planos de velocidade máxima de 80 km/h e 120 km/h. No teste padrão que realizamos (velocidade controlada a 80 km/h, ar-condicionado ligado e vidros fechados), a média ficou em 15,5 km/l.
São números bons considerando o porte do veículo. Afinal, mesmo sendo mais leve do que um modelo com tração 4×4, a Ranger Black pesa mais de duas toneladas (mais precisamente 2.032 kg, quase 100 kg a menos do que a Ranger XLS 2.2 4×4, que tem o mesmo motor).
Ficha técnica
O motor Puma 2.2 l estreou na linha Ranger em 2017 e desde então não sofreu alterações. Trata-se de um propulsor diesel, de quatro cilindros, turbo, com 2.198 cm², DOHC acionado por corrente e taxa de compressão de 15,5:1, que gera potência máxima de 160 cv a 3200 rpm e torque máximo de 39,3 kgfm a 1600 rpm.
Acoplado ao motor, uma transmissão automática de seis marchas Getrag 6R80, com opção de trocas manuais na alavanca. A tração é traseira e a direção conta com assistência elétrica. Os freios são a disco na dianteira e a tambor na traseira.
A suspensão é básica das picapes médias: na dianteira é independente, com braços sobrepostos, mola helicoidal e amortecedores. Na traseira, eixo rígido com feixe de molas e amortecedores.
As rodas são de 18 polegadas, calçadas com pneus 265/60 R18. As medidas: 5,35 m de comprimento, 1,86 m de largura, 1,82 m de altura, entre eixos de 3,22 m, bitola dianteira e traseira de 1,56 m. A caçamba tem 1.180 litros, com capacidade de carga útil de 1.168 kg, e o tanque de combustível é de 80 litros.
A altura mínima do solo é de 232 mm, com capacidade de travessia de água de 800 mm. Os ângulos de entrada e saída são 28 e 26 graus, respectivamente. O preço atual é de R$ 218.240.
Prós
Se locomover numa metrópole como São Paulo de picape média pode parecer absurdo, mas nem tanto. O tamanho avantajado sobre a maioria dos demais dos veículos nas ruas demanda mais responsabilidade do motorista, mas também impõe respeito, sobretudo ante à motociclistas e veículos compactos. Mesmo assim, não são raras as famosas fechadas.
O campo de visão é excelente. Mas é preciso ajustar a altura do banco da forma correta, que nem sempre é como gostamos de dirigir. Quem não é muito alto e gosta de dirigir com o banco na menor altura da regulagem (assim como eu), precisa ficar atento em manobras onde a rua apresenta desnível lateral, pois geralmente os veículos compactos tendem a sumir do campo de visão à frente.
A câmera traseira e os alarmes sonoros de aproximação são fundamentais para manobras de marcha à ré. Tanto que muitas vezes é mais fácil entrar de ré em uma vaga do que de frente.
A versão avaliada tinha como acessório capota marítima elétrica, que custa mais de R$ 5000. É um acessório interessante, mas se a ideia é carregar objetos altos na caçamba, pode não ser uma boa escolha, pois ocupa espaço e dificulta a amarração.
Já o preço da Ranger Black é compatível com o mercado, custa R$ 239.430. Pelo preço, poderia ter ao menos sistema de espelhamento sem fio com smartphones, mas esta é uma melhoria que deve vir com o tempo.